Páginas

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Totó é o retrato do brasileiro

Personagem vivido por Tony Ramos, Totó, um brasileiro que foi muito criança ainda para a Itália, volta ao Brasil casado com uma mulher brasileira, dissimulada o mais profundo grau, que havia aprontado todas, inclusive o golpe contra o próprio Totó. Quando a Clara confessa parcialmente o que havia feito, e por força das circunstâncias, para horror de todos, Totó disse que não iria mudar nada seu relacionamento, pois estava profundamente apaixonado por ela.

Assim, e causando constrangimentos desde que todos souberam que ele agora sabia da verdade (pelo menos boa parte dela) Totó leva sua bandida para um jantar na casa de sua própria mãe (que havia sido vítima da mesma) e para sua própria irmã Gema, que de fato o criara. Gema tem uma explosão quando toma ciência do fato de que Totó confirma as desconfianças dela sobre sua esposa, mas que continuaria ao seu lado, pois estava apaixonado.

A trama não poderia ser melhor atrelando dois povos (italianos e brasileiros) movidos quase que exclusivamente por sentimento: paixão. É muito complicado isso. E muito perigoso também.

A pior fase para alguém se casar é quando se está apaixonado (a). Não se percebe nada, não se enxerga nada, não se tem a realidade dos fatos. O pior é que, na mesma proporção que a realidade nos força a convivência, na mesma proporção a paixão é testada, e seu doce começa a se diluir diante da dura realidade da verdade. Usando mecanismos de defesa, muitos preferem se iludir e não encarar a realidade dos fatos. Mentem para si mesmos o resto de suas vidas.

Mas a paixão ocorre também no futebol e na política. Em todos os casos, a paixão cega, ilude, embaça qualquer ser humano normal. Estamos vivendo isso na política. E a mão e a luva se casam exatamente pelo fato dos apelos feito aos brasileiros é sempre muito bem trabalho na direção dos seus sentimentos. Sem falar no apelo emocional de alguém pobre que deu certo (o que é falado muito escancaradamente além das infinitas mensagens subliminares), é muito mais fácil todo e qualquer brasileiro se equiparar com a pobreza do que o contrário.

Nestes 28 anos de pastorado, entre tantas histórias vividas, trago aqui apenas duas para sua reflexão: Tinha recém começado meu pastorado quando dois jovens, de fato, eram adolescentes (ele 18, ela 16) me procuraram falando em casamento, pois estavam profundamente apaixonados. Disse-lhes que exatamente por isso era melhor que eles esperassem um pouco para colocarem os pés no chão. Eles não gostaram da orientação pastoral e isto ficou bem visível. Não falamos mais sobre o assunto, nem os procurei para tecer qualquer outro comentário. Algum tempo depois eles terminaram aquele relacionamento e hoje cada um deles está casado com outra pessoa e estão muito felizes...

Tinha uma família na igreja por quem eu nutria um carinho especial justamente pela situação que vivia do abandono do pai. Um dia, do nada, apareceu um rapaz de São Paulo. De um dia para o outro já começaram a namorar e a falar em casamento. A mãe me procurou muito preocupada. Chamei a moça para conversarmos. Não teve quem a convencesse que deveria esperar um pouco, pois ninguém conhecia nada daquele rapaz a não ser que veio do Estado de São Paulo. A mãe, eu e um pequeno grupo entramos em oração para que aquilo não acontecesse. Quanto mais nos conscientizávamos que aquilo não devia acontecer, mais a moça dizia que estava apaixonada e que iria casar quer a mãe quisesse ou não. Resultado: viajaram para se casar em outra cidade, longe de tudo e de todos. O casamento não durou 45 dias e logo aparece a moça com uma mala na mão e com o semblante caído, pois o “príncipe” que aparecera em sua vida e que causara tanta paixão, de fato era um sapo.

Por isso, à medida que as eleições se aproximam é preciso raciocínio, muito raciocínio. Menos, bem menos paixão. Muita pesquisa, muita análise, comparação. A história está bem aí na sua frente. Se desejar conhecê-la ela irá te apresentar a outra grande amiga, a verdade. Aí então, não dissimule, aceite-a.

Pr. Mauro Clementino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário